Rotina com retinóides: Um guia para você entender essa família

 


Amados e temidos, a família dos retinóides é com certeza o grupo de componentes mais indicados em consultórios devido ao seu poder de ação. Então vamos desvendar quem são e o que fazem!


Retinóide é o termo utilizado para se referir aos componentes ligados a Vitamina A. Por vezes é possível ver alguém utilizando o termo retinóis, mas o correto mesmo é retinóides.


Os componentes ligados a vitamina A estão divididos em ácido retinóico (indicado para peles maduras, com linhas finas, rugas ou acne em adultos), retinol (para prevenção e linhas finas) e retinaldehyde. E antes de começarmos a entender cada lado dessa família é necessário sabermos como funcionam!


A pele possui duas camadas: a epiderme e a derme. A epiderme possui outras camadas compostas de células, na camada lúcida essas células liberam enzimas e são essas enzimas que vão converter outras moléculas em suas formas ativas.


Agora que você entendeu isso (espero que sim), precisa saber que a forma de armazenamento da Vitamina A é chamada de Retinyl Palmitate. Sofreu uma conversão enzimática? Você tem o retinol. Sofreu outra? Agora é Retinaldehyde. Mais uma? Agora você tem ácido retinóico.


Então fica assim: Retinyl Palmitate > Retinol > Retinaldehyde > Ácido Retinóico


Quanto mais longe do ácido retinóico, menos poderoso o ingrediente é porque a cada conversão ele perde um pouco de atividade.


Depois dessa pequena aula, vamos conhecer os retinóides!


O LADO MEDICAMENTOSO


O ácido retinóico é o lado medicamentoso dos retinóides, também sendo visto como tretinoína ou retin-a. Ele é tão forte que só pode ser utilizado através de prescrição de um dermatologista. Como não passa por conversões enzimáticas, estimula a renovação celular diretamente. Simples assim!


Como é capaz de reduzir o tamanho das glândulas sebáceas, elas produzem menos sebo. Também faz com que os queratinócitos (células mais comuns na epiderme) se quebrem e não consigam se ligar uns aos outros assim que vão atingindo a camada córnea. Sem conseguir se ligarem não há um excesso de células se amontoando em sua pele, o que evita o bloqueio dos poros.


O sebo em excesso, somado a sujeira e pele morta, facilita a formação de acne e cravos. A ação do ácido retinóico age nesses diversos fatores impedindo a criação de um ambiente propício para inflamações.

 

O LADO VISTO NOS COSMÉTICOS


Já o retinol é a Vitamina A pura, sendo encontrado em cosméticos sem necessidade prescrição médica. Isso se deve ao fato de o retinol ser mais gentil com a pele, apresentando menos efeitos colaterais, o que não quer dizer que o cuidado não deva ser o mesmo.


O retinol é considerado mais “fraco” porque passa por duas conversões enzimáticas, primeiro ele vira Retinaldehyde e depois ácido retinóico. Essas duas quebras fazem com que perca um pouco da sua força pelo caminho. Isso quer dizer que ele não irrita a pele? Não, ele pode irritar assim como o ácido retinóico.


E como ele age na pele? É uma forma bem simplificada de falar, mas ele elimina as camadas superiores (estrato córneo) já desgastadas/mortas da pele, enquanto isso acelera a renovação celular trazendo as novas camadas para cima. Ao ser convertido em ácido retinóico é capaz de estimular a produção de colágeno, que é o responsável por preservar a estrutura dos tecidos do nosso corpo que mantém a pele sem linhas finas e rugas.


Resumindo, ele faz uma esfoliação química e estimula colágeno, então temos uma pele renovada com menos linhas finas, rugas, tom de pele e textura uniforme.


Aqui é importante relembrar que o retinol passa por conversões até chegar em ácido retinóico, com isso pode levar mais tempo para apresentar resultados do que outros componentes que só exigem uma conversão ou nem uma.


O mais comum é que o retinol seja acrescentado a rotina por volta dos 25 anos como prevenção já que é nesse momento em que começa a queda de colágeno e a renovação celular passa a perder agilidade ano após ano.


Um componente que pode auxiliar na utilização do retinol é a niacinamida! Ela é leve, deixa a barreira de proteção mais saudável e reduz irritações na pele devido a estimulação da síntese ceramidas. Caso você não saiba, as ceramidas trabalham lá na camada córnea que falamos no início desse post e ajudam na composição da barreira hidrolipídica (a famosa barreira de proteção) na função de preservar a água na pele.

 

Além do Retinol, outra forma da Vitamina A vista em cosméticos é o retinaldehyde ou retinaldeído em português, também conhecido como retinal. Na família é o mais próximo do ácido retinóico devido suas estruturas químicas semelhantes e a necessidade de apenas uma conversão.


Sem muito segredo, ele age de forma similar ao ácido retinóico nas questões de envelhecimento e acne, mas parecer ser mais bem tolerado pela pele, causando menos efeitos adversos, o que não significa que não pode irritar a pele. Costuma ser usado quando não vemos mais resultados com o retinol, mas não queremos ir para os medicamentos.


E você pode estar se perguntando o porquê de ele não ser mais famoso já que é tão eficiente e o motivo é que produtos com esse componente costumam ser bem mais caros que os que utilizam retinol.

  

Se os retinóides são tão maravilhosos por que não usamos só eles? Porque por serem tão potentes exigem extremo cuidado. Não são todas as peles que aguentam o uso, muitas ficam secas, sensíveis e irritadas, tanto que uma pele que já é seca ou sensível pode ter dificuldades em adaptar produtos com esses ingredientes na rotina.


Além disso, os retinóides podem provocar fotossensibilidade, que é quando a pele fica muito sensível à luz do sol (luzes ultravioletas no geral, não confundir com luzes azuis ou visíveis), deixando a pele mais suscetível a queimaduras solares. Então os cuidados devem ser redobrados na hora de proteger a pele usando muito protetor solar diariamente e na quantidade correta, sempre reaplicando. Esses componentes serão inseridos na rotina noturna e se você puder, escolha usar esses ingredientes durante o outono e inverno, quando o sol é mais ameno e as chances de queimar a pele são menores.


Sua adaptação também não costuma ser fácil. Muitas vezes o produto utilizado vai causar o famoso purging, onde devido a aceleração na renovação celular muitas espinhas novas podem surgir e essa fase costuma demorar mais tempo do que com outros ácidos.


Esse é um produto que, quando usado de forma tópica (aplicando diretamente na pele), costuma ser introduzido aos poucos para se observar as reações da pele, talvez na primeira utilização você nem sinta algo forte, mas acredite, ele está agindo.


Normalmente seu uso é indicado pós hidratante justamente para ser absorvido de forma gradual pela pele e evitar irritações. Então procure manter uma rotina bem hidratante quando estiver usando esse tipo de produto. Algumas pessoas conseguem usar o retinol antes do hidratante, mas evite estar com a pele úmida, tanto de água quanto de produtos que auxiliam na hidratação porque pode ser absorvido muito rapidamente causando irritação caso você seja iniciante com esse tipo de produto. Então se escolher esse último método, dê alguns minutinhos para a pele secar totalmente.


Outro ponto que merece atenção é a forma como você aplica os retinóides tópicos. Se você possui linhas finas, rugas, marquinhas que formam uma superfície irregular na pele deve se atentar para que não aja acúmulo de produto nessas áreas.


Então quer começar a usar retinol ou cosméticos com variantes da Vitamina A? Abuse da hidratação e comece a introduzi-lo aos poucos. Duas vezes na semana, observe como sua pele reage, um dia sim dia não, mais observações e assim vai. Durante o dia abuse do protetor solar!

 

Algumas pessoas têm medo de usar retinóides porque acreditam que ele afina a pele, mas isso não é verdade. Eles realmente fazem uma esfoliação química que vai eliminar as células mortas na primeira camada da pele, mas lembre-se que ao mesmo tempo ele faz com que a regeneração celular acelere, então temos mais células novinhas, cheinhas, para proteger sua pele, manter a barreira firme e reter a hidratação nela.

 

Posso usar com outros ácidos? Se você estiver usando produtos com ácido retinóico, é melhor evitar essa junção, pois a pele estará sensibilizada. Se for o retinol é possível sim incluir outros ácidos como AHA’s, BHA’s, ou vitamina C, mas é importante observar as reações da sua pele e considerar um intervalo de minutos entre as aplicações ou até mesmo intercalar um dia retinol e no dia seguinte o outro ácido, que é considerado a forma mais segura de evitar irritações.

 

Se você deseja introduzir essa família na sua rotina, comece pelo retinol e para o uso dos demais procure um dermatologista (procure sempre, mas nesse caso é imprescindível) porque até mesmo em porcentagens baixíssimas são extremamente poderosos.





E então, o que acharam dessa família? Já usaram algum produto com esses componentes?


Fontes utilizadas nessa pesquisa:

https://www.youtube.com/watch?v=6vrgLP52sWk&list=PLufj-E2Ap5GzYhu2haI2g4-oOB1WaHjlg&index=25

https://labmuffin.com/busting-retinoid-skincare-myths-with-video/

https://labmuffin.com/routine-starting-tretinoin-retin-cream/

https://labmuffin.com/bakuchiol-better-than-retinol/

https://www.youtube.com/watch?v=KE54654TYTo&list=PLufj-E2Ap5GzYhu2haI2g4-oOB1WaHjlg&index=24

https://www.youtube.com/watch?v=OESZxLsBhcU&list=PLufj-E2Ap5GzYhu2haI2g4-oOB1WaHjlg&index=114&t=95s

https://www.youtube.com/watch?v=dCH6On-5Rto&list=PLufj-E2Ap5GzYhu2haI2g4-oOB1WaHjlg&index=116

https://www.youtube.com/watch?v=eOV8AuVMjYo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Isotretino%C3%ADna

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_retinoico

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitamina_A

https://www.byrdie.com/retinaldehyde-for-skin-4770963

https://www.dermatologia.net/cat-estetica/retinaldeido-e-acido-retinoico/

Gabrielly Bittenbinder

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